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Em cerimônia recheada de simbolismos, Anielle Franco e Sonia Guajajara tomam posse

  • Foto do escritor: Gilson Paulo
    Gilson Paulo
  • 16 de jan. de 2023
  • 2 min de leitura


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quarta-feira (11/01), da cerimônia de posse da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O evento, realizado no Palácio do Planalto, contou com a participação de diversos ministros, parlamentares e autoridades, além de representantes dos povos indígenas e integrantes de movimentos ligados à igualdade racial.

A posse ganhou ainda mais significado diante dos atos violentos praticados no último domingo contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Um dos momentos marcantes da cerimônia ocorreu logo na abertura, quando o Hino Nacional foi cantado, em parte, na língua Tikuna pela cantora e jornalista do estado do Amazonas, nascida na Região do Alto do Solimões, djuena Tikuna e, em parte em português, pela cantora preta Marina Íris.

A ministra Sonia Guajajara foi a primeira a tomar posse. Sua apresentação, em mais um ato simbólico, foi feita pela deputada federal Célia Xakriabá (PSOL), primeira mulher indígena a ser eleita deputada federal por Minas Gerais. "A luta pela mãe terra é a mãe de todas as lutas", resumiu a parlamentar, citando uma frase da própria ministra dos Povos Indígenas. "Com a parentíssima ministra a ancestralidade toma posse", prosseguiu Xakriabá.

Dirigindo-se ao presidente Lula, Sonia Guajajara agradeceu pela confiança e ineditismo da Pasta e, na sequência, ligou a posse à luta que os povos indígenas e os pretos travam há séculos, bem como aos atentados do último domingo contra o Estado Democrático de Direito no país. "Presidente Lula, eu o parabenizo pela coragem e ousadia de reconhecer a força e o papel dos povos indígenas neste momento em que é tão importante o reconhecimento deste protagonismo dos povos indígenas frente à preservação do meio ambiente e da justiça climática ao criar esse Ministério inédito na história do Brasil", declarou a ministra.

"Povos estes que resistem há mais de 500 anos a diários ataques covardes e violentos, tão chocantes e aterrorizantes como vimos neste último domingo aqui em Brasília. Porém, sempre invisibilizados! A partir de agora, essa invisibilidade não pode mais camuflar a nossa realidade. Estamos aqui, de pé, para mostrar que nós não iremos nos render", prosseguiu Guajajara.

"A nossa posse aqui hoje, minha e de Anielle Franco, é o mais legítimo símbolo desta resistência secular preta e indígena do nosso Brasil. Nós estamos aqui hoje neste ato de coragem para mostrar que destruir essa estrutura do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, não vai destruir a nossa democracia", frisou a ministra dos Povos Indígenas.

Ao longo de seu discurso, Sonia Guajajara ressaltou diversos problemas enfrentados pelos povos indígenas no país e lembrou as milhares de mortes durante a pandemia, os casos de intoxicações provocados por mercúrio do garimpo ilegal e pelos agrotóxicos nas grandes lavouras, e as invasões em territórios indígenas, entre outros.

"Não é mais possível convivermos com povos indígenas submetidos a toda sorte de males, com desnutrição infantil e de idosos, malária, violação de mulheres e meninas e altos índices de suicídio. Eu arrisco dizer que muitos povos indígenas vivem uma verdadeira crise humanitária em nosso país. Agora, estou aqui para trabalharmos juntos e para acabar com a normalização deste estado inconstitucional que se agravou nestes últimos anos", afirmou a ministra.

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